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CATÁLOGO

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ENTREVISTA PARA A "JOVEM TV" NA INAUGURAÇÃO

TEXTOS CURATORIAIS

 ARTE E A CONSTRUÇÃO DE UM UNIVERSO SINGULAR 

                                                                                                          Isa Bandeira
                                                                                                                  curadora 

Andipa Garrido, nesta exposição “Pretende”, sublinha a forte carga simbólica contida na escolha do tema pela artista, e conseqüentemente de seu suporte.

Na série Madona com Bambino, tendo como referência uma obra historicamente inserida e, portanto já aceita no contexto social e cultural, desafia-nos na construção de um universo singular onde o sujeito, a artista, revela-se. Seus trabalhos aqui expostos dialogam com a cidade, com sua trajetória profissional, com a vida, o grafite, a pré-história, a humanidade... Todos objetos de constante inquietação, assim como o Barroco camadas superpostas. Um singelo relicário. Nesta caixa-vídeo-tv, Andipa vai desdobrando-se. Na série de posters ataca Murilo com filetes, que bem poderiam ser de ouro, mas para a artista por que não canetas hidrocor? Do alto de sua Torre Forte, a artista-arquiteta-performática vai criando seus mundos, tudo ao mesmo tempo como também quer o poeta.

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CULTURA E RELIGIÃO

Alexandre Martins
especialista em arte sacra

A Cultura humana sempre esteve permeada pelo religioso. E tal não poderia deixar de ser, pois é o Ser Humano um ser religioso por essência. Em uma sociedade tecnocrata e hedonista é fácil perceber que o Transcendente atrapalha. Não existe apenas uma "cultura religiosa" mas toda a cultura tem sua religiosidade. Senão não é cultura completa. A Cultura é o que resta ao Homem do que apreende de suas experiências e, como a Religião é de /per si/ uma experiência e das mais profundas, é natural que tenha esta influência naquela. há uma consciência clara sobre a visão do homem religioso. Essa dimensão espiritual tem um efeito na cultura e vai marcando uma identidade em uma sociedade determinada. "Quando estamos falando dos símbolos religiosos falamos do homem mesmo.

Os símbolos religiosos expressam uma visão do próprio Homem e da cultura". Isso "fala no fundo de uma mesma visão do homem, uma mesma visão de seus direitos e uma mesma visão que tem a cultura que rodeia o próprio Homem". Confunde-se arte religiosa com arte cristã, quando o objetivo principal da arte cristã é a partir do aspecto /kerigmático/ - do anúncio aos não crentes - e da /didáctica/ - a catequese para os fiéis. A arte cristã difere do aniconismo islâmico e o antropomorfismo judaico, formando uma arte ímpar. "O vínculo entre as religiões e os sistemas artísticos se mostra sólido e profundo, vivo e fecundo; cada sistema de signos expressa um total de crenças, uma visão religiosa do cosmos e do homem. E existe também, de forma recíproca, um vínculo forte e indissolúvel entre o signo e a ideia religiosa, entre o sistema artístico e o mundo religioso que o produziu."

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REAPROXIMANDO O ENTUSIASTA DA ARTE

Anderson Macleyves
teatrólogo 

Acho que posso dizer que a grande dificuldade artística contemporânea está em descobrir a fórmula para inverter o processo do fenômeno de público, no caso, a redução de entusiastas.

O que fazer, agora, para que possamos recondicionar e reaproximar o entusiasta da arte, já que as novas mídias prontas e acessíveis inclusive de dentro de casa como a TV a cabo e a internet, tomaram conta do ser moderno tornando-o acomodado?

Têm-se muitas vezes a impressão de que tudo o que teria para ser criado e reinventado,  já o foi. O olhar contemporâneo está banalizado. Veja o caso da dificuldade de revitalização do Teatro, do suposto "bom teatro". Vemos teatros vazios para assistir às belíssimas montagens de Shakespeare, Pirandello, Plínio Marcos, Nelson Rodrigues etc e lotados para assistir aos artistas de televisão e em especial os espetáculos stand up, o besteirol e a comédia pronta. E, o problema não está na falta de acesso, está na concorrência desleal e apelativa. A super integração social em redes cibernéticas, a sexualidade escrachada, o álcool e o culto ao corpo, aniquilou o ético e super valorizou o estético.

Para progredirmos, devemos nos respeitar, estudar, cuidar da saúde, ensinar bons costumes e investir em nossa formação cultural.

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ARTE, CULTURA E EDUCAÇÃO

Dulce Menezes Ramos
secretária de cultura de SPA

Nos Encontros Municipais de Cultura das baixadas litorâneas ocorreram reuniões de gestores com o objetivo de estruturar uma união na área da cultura. Lá, estiveram presentes os gestores dos municípios de Cabo Frio, Armação dos Búzios, Araruama, Saquarema, Arraial do Cabo, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia. Debateu-se sobre a boa gestão pública que foi considerada como fator estratégico para o desenvolvimento da cultura. Ainda que, sua nascente esteja na sociedade, o poder público tem papel importante para o desenvolvimento cultural. Segundo os dados obtidos nesse encontro, há falta de valorização da cultura na máquina administrativa. Somente em São Pedro da Aldeia a Câmara de Vereadores local tem uma Comissão de Cultura e somente Cabo Frio tem um fundo municipal exclusivo para a cultura. Exceto Araruama, nenhum município conta com espaço físico adequado para a gestão da cultura. Em São Pedro da Aldeia o cenário é bem mais esperançoso, levando-se em conta o tamanho do município e sua população. Tem um belo teatro, uma sala de exposição e uma escola de artes, ligadas à secretaria de educação, que oferece cursos de música, dança, teatro e artes-plásticas. Existem, entretanto, iniciativas da sociedade civil envolvendo mais de um município. Como é o caso dessa exposição. Algumas são feitas pelos agentes culturais da região, e outras pelos próprios artistas. E, o que se observa é a urgente necessidade de articulações na sociedade e nos meios públicos.

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SEXUALIDADE MODERNA E ARTE CONTEMPORÂNEA

J. J. Serapião
médico e terapeuta sexual

Arte e Cultura deram-se as mãos desde a mais remota antiguidade. 

O impulso vital do sexo exigiu do ser humano um permanente esforço de representação. E ele quase sempre traduziu esta percepção através da arte em suas mais variadas expressões.

Mas é na contemporaneidade que a arte se identifica com a sexualidade de nosso tempo.

A sexualidade moderna e a arte contemporânea têm muitas coisas em comum.

Esse encontro com o trabalho de Andipa Garrido é o momento certo para essas reflexões em que se destacam: a simultaneidade de suas origens, a superposição de seus conceitos libertadores e o viés desconstrutivista de seus objetivos. 

A proposta de um encontro interdisciplinar para aprofundar esses aspectos será bem-vinda, mas os traços da artista sintetizam essas reflexões.

Uma diluição das formas e cores no “Madona con bambino” traduz essa inevitável desconstrução dos paradigmas que se observam na arte contemporânea e na sexualidade moderna.

A grafitagem, como forma de expressão de arte popular, nos remete as figuras sensualizada de toda a história do ser humano desde suas representações ruprestes. 

Enfim a expressão artística de Andipa Garrido tem o atraente de uma estimulação sensorial; o enigma a ser decifrado de alguma coisa “vir a ser” e o desafio de uma ação libertadora de paradigmas, mas que mantém, ao mesmo tempo, vinculações indissociáveis com o transcendente e o eterno.